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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Dez para as sete

Dez pras sete da manhã, senhoras e senhores, nem sete horas ainda e ao meu lado, no sinal vermelho, está um moço dos seus vinte e pouquinhos anos no seu possante rebaixado, ouvindo um funk na maior altura. De janelas abertas, que é pra ter certeza que o mundo inteiro – pelo menos num raio de uns vinte metros, por aí – vai compartilhar desse seu suspeitíssimo gosto musical. Adamastor e Hermengarda, meus dois neurônios, nem conseguiram engatar a segunda marcha ainda e tentam funcionar razoavelmente no modo ‘econômico’, mas eis que acabam recebendo um inesperado e pouco bem vindo tratamento de choque. Isso não deve fazer bem pra saúde dos nervos não, como é que uma criatura dessas vai conseguir estudar, trabalhar ou seja-lá-o-que-for que o moço esteja indo fazer a essa hora, se o dia já começa assim? Qualquer música (vá lá, qualquer som) executada nesse volume superlativo já seria uma temeridade, mas funk, então, está muito, mas muito acima do meu nível de compreensão. Se o moço quisesse guardar a overdose de decibéis para si e seus ouvidos aparentemente insensíveis, tudo bem, cada um é livre pra escolher o lixo que deseja ouvir (eu continuo esperando ansiosamente pelo dia em que alguém vai me apresentar a um, qualquer um, unzinho só que seja, funk que preste). Mas obrigar quem estiver nas redondezas a aguentar junto, firme e forte, ou do contrário fechar a janela e ligar o ar-condicionado, olha, é o fim da dinastia, vou te contar.

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